24 janeiro 2021

Armário Cápsula | 1 ano sem comprar "Fast Fashion" aka 366 dias sem ZARA, Mango e afins

Desde 2016 que tenho tido ARMÁRIOS CÁPSULA,
que permitem olhar para o nosso guarda-fatos de uma forma mais prática e funcional.

Durante o ano de 2020, o primeiro ano em que tive um armário cápsula para 366 dias,
DESAFIEI-ME a NÃO COMPRAR ROUPA em lojas "FAST FASHION".

Findo o desafio
(mas mantendo ainda a determinação de evitar a "fast fashion" tanto quanto possível),
venho falar sobre o que aprendi com esta experiência,
respondendo às questões sobre este tema que me foram colocadas através do meu
INSTAGRAM @_nadiasepulveda.


Pelo caminho,
irei mostrar as 10 PEÇAS QUE ENTRARAM NO MEU GUARDA-FATOS em 2020,
nenhuma das quais de uma marca "fast fashion".
Vamos a isso!

 
1.
O que é "FAST FASHION"? E "SLOW FASHION"?
Simplificando,
"Fast Fashion" ("moda rápida"): 
é um padrão de produção e consumo de moda no qual o vestuário é fabricado,
consumido e descartado rapidamente,
o que implica um considerável impacto ecológico e social
(nomeadamente desvalorização de trabalhadores).
Exemplos deste tipo de marcas: ZARA, H&M, C&A, etc

"Slow Fashion" ("moda lenta"):
é o oposto de "fast fashion".
O objectivo deste movimento é privilegiar padrões de fabrico e consumo de vestuário
que respeitem as pessoas e o planeta,
nomeadamente a valorização da mão de obra, geralmente local,
o uso de materiais mais sustentáveis e a produção de uma quantidade mais limitada de peças,
para serem utilizadas mais vezes, e durante mais tempo

2.
Deixaste de utilizar as roupas que tinhas adquirido anteriormente?
NÃO!
Muitas das peças que tenho no meu Armário Cápsula actual são "fast fashion",
porque as adquiri antes de 2020, e estão em perfeitas condições.
Não ia deixar de as utilizar para encher o guarda-fatos de versões iguais mas "slow fashion";
não seria muito sustentável (bem pelo contrário!). 

3.
Compraste roupa durante 2020? Se sim, onde?
Sim, comprei algumas peças durante o ano, mas, tal e qual como me tinha proposto,
foram todas de marcas portuguesas "slow fashion",
e uma em segunda mão na página Thrift & Statement.
Ao todo entraram 10 peças no meu armário, 8 compradas e 2 oferecidas.

da esquerda para a direita:
vestido The Lover's Lover | Vestido Mahrla | Camisa A-Line Clothing | Camisa 2ª mão Thrift & Statament

Mesmo sendo "slow fashion",
apenas comprei peças depois de ponderar se faziam sentido no meu armário:
perceber se combinavam com as peças existentes, se as ia utilizar várias vezes, etc.
Irei mostrá-las em maior pormenor ao longo desta publicação.

4.
Tens noção de quanto poupaste no ano?
Não sei dizer! 
As peças que comprei ficaram a pouco mais de 450€,
mas não tenho noção de quanto gastei em 2019 para fazer a comparação...
provavelmente mais um pouco!

Ambas peças da Guaja, a minha marca portuguesa favorita.
As calças são de linho e foram feitas à medida, são incríveis.
O top, que namorei durante meses até comprar, assenta que nem uma luva.

5.
As marcas "slow fashion" são mais caras?
Por norma, as marcas "slow fashion" são mais caras, é um facto.
Isto sucede por vários motivos, incluindo pela produção de menores quantidades,
pelo maior respeito por todos os profissionais envolvidos, com remunerações mais justas,
pelos materiais utilizados, tendencialmente de melhor qualidade, entre outros aspectos.

Não tenho muitos vestidos e, talvez por isso mesmo, estes 2 me tenham conquistado.
O primeiro é um vestido maravilhosa da marca Mahrla, romântico e leve.
O "white little dress" perfeito.
Já o verde, da marca The Lover's Lover,
arrebatou-me pela tonalidade bonita, não tão consensual,
e que encaixava com os tons existentes no meu armário.


6.
A qualidade das peças "slow fashion" é maior? Os tecidos são melhores?
Em princípio, sim, mas depende.
Há que observar as etiquetas e os acabamentos (costuras, bolsos, etc),
Nem sempre ser uma marca "slow fashion" significa melhor qualidade ou tecidos melhores!
O tema do tecido dá pano para mangas,
vou tratar de fazer uma publicação própria um dia destes!

 2 básicos de marcas cheias de qualidade.
O primeiro, um top do qual usei e abusei no Verão, é de linho, e é da excelente marca Maria Góis.
A camisa, essa, tem um corte fenomenal, e é da marca A-Line Clothing. Um básico essencial.

7.
Como foi passar por um loja, gostar de uma peça e não poder comprar?
Não houve problema nenhum!
Aliás, uma das estratégias foi justamente nem frequentar lojas, nem ver lojas online, sequer.
Como não precisava de nada, não procurei nada!
Limitei-me a seguir pontualmente as colecções de lojas "slow fashion" no Instagram e nada mais.

 No final do Verão, deliciei-me com estes dois tops da marca Mias Atelier
o primeiro de linho, fresco e divertido, e o segundo mais único,
com um dos poucos padrões que adicionei ao meu Armário Cápsula,
perfeito para uma saída ao final do dia.

8.
Como conseguiste contornar o desejo de seguir tendências?
Ter um armário cápsula ajuda-me a não ir muito em tendências;
uso o que gosto, e como escolho as peças para um ano inteiro, 
por norma vejo com antecedência que tendências poderão fazer sentido para mim
- e quais são fugazes, não fazem o meu estilo - e nas quais não vou investir.
Tento que o meu guarda-fatos seja tão intemporal quanto possível.
O meu objectivo não é criar armários cápsula diferentes a cada estação ou ano,
é criar um guarda-fatos que, com os devidos ajustes, se adapte a 5, 10 anos.

2 peças em preto, um colete da Guaja , a única tendência à qual aderi durante 2020,
e uma camisa em segunda mão, num corte único, para colmatar a "falha" no meu armário.

9.
Qual foi a maior dificuldade que identificaste ao aderir a este desafio?
Nenhuma! Não custou absolutamente nada não comprar "fast fashion".
Aliás, foi um gosto contribuir para ajudar marcas "slow fashion" portuguesas,
num ano tão difícil para os pequenos negócios!

Em suma, não só fiz este desafio "com uma perna atrás das costas",
como não terei grande dificuldade em continuar a máxima de evitar a "fast fashion"!

Felizmente a forma como o meu ARMÁRIO actual está construído e as peças que o compõem
tornam confortável a decisão de comprar pouca (praticamente nenhuma!) roupa.
Além disso, ao comprar menos, posso apostar em peças duráveis, de maior qualidade,
de marcas que apostem numa produção mais sustentável em termos ambientais e sociais,
mesmo que sejam mais caras!

Gostaria de acrescentar que, para mim, financeiramente,
é plausível tomar a decisão de não comprar 5 peças de 20€,
e comprar, ao invés disso, 1 peça de 100€, mas que irei usar várias vezes, durante anos.
Para muitas pessoas tal não é verdade, e só podem comprar 1 peça de 20€ ou nem isso.
E é por esse motivo que não fiz esta publicação no sentido de apontar dedos,
nem condenar veementemente quem compra "fast fashion".
Muita da roupa que compõe actualmente o meu ARMÁRIO CÁPSULA é "fast fashion",
e são peças que uso com carinho, tanto quanto posso, e que estimo.
Porque a moda mais sustentável é mesmo a que já temos no guarda-fatos, à espera de ser usada!

Naturalmente que o consumo desenfreado de moda deve ser desaconselhado,
e que, enquanto colectivo, é importante fazermos um esforço
para que as empresas se tornem mais sustentáveis e éticas do ponto de vista ecológico e social,
de forma a que as peças que tão vaidosamente usamos não sejam produto de exploração...
Façamos a nossa parte com um consumo mais ponderado, com compras mais pensadas,
e, se possível, preferindo comprar em segunda mão, e eventualmente em marcas "slow fashion".

QUE ACHARAM DO DESAFIO? JÁ FIZERAM UM SEMELHANTE?
CONTEM-ME TUDO NOS COMENTÁRIOS!

Fiquem em segurança!

2 comentários:

  1. Quero muito começar a comprar mais em segunda mão... <3
    Um beijinho,
    http://myheartaintabrain.blogspot.com/

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  2. Excelente Nádia. Muitos parabéns!
    Já há alguns anos que compro muito pouco mas gostava de apostar mais em marcas de roupa portuguesas e sustentáveis. O que gostava mesmo, era de encontrar uma lista de marcas - de roupa e calçado - exaustiva e atualizada. A informação está muito dispersa na internet. :/
    Já agradeço muito o que vais partilhando!

    ResponderEliminar

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